Atenção, senhores [e senhoras] passageiros:
- Neste comboio não se embarca em andamento!
Trata-se de uma composição especial
Com destino ao interior
De cada um de nós...
Parte-se rigorosamente parado!
...assim, a partida será dada logo que
cada um dos senhores [e senhoras] passageiros distinga no fundo do seu olhar
uma intensa tela branca...
apenas, uma tela branca...
apenas branca...
apenas...
Conforme tinha sido previsto,
Cada um pode utilizar a tela branca de modo como melhor for servido,
mesmo simplesmente olhando
desde que a brisa prespasse no interior do olhar...
...e deixe sulcos de ternura na superfície branca...
Então, por uma hera se pode ir à infância,
como pela tua mão se treva à árvore,
onde sei dum nunho...
Basta que eu dê uma volta no tempo,
e faça dele uma trança para o teu cabelo.
Como sei fazer, não como tu esperavas que fizesse...
Aqui todas as coisas são belas
Porque são outras... porque tu és outro/a.
descobres-te apascentando um rio de fogo,
sulcando a solidão como um lago de ternura,
sorvendo, exausto, a espuma, como a alga da praia...
Domador do tempo dançando no dorso dum ginete tonto,
O teu jogo acaba já: é preciso inventar outro!
Viver a invenção urgentemente, como se hoje também o sábado estivesse ameaçado... um lenço, uma vela, uma bandeira
Uma asa também, se a tua mão souber jogar com o teu olhar...
Este jogo é para jogar toda a vida
Até que a invenção invada o espaço todo
Para além desta estação.
NÃO! A tua estação de destino não é aqui!
NÃO É AINDA AQUI!!!
Adaptado de Manuel Matos (in Costa, 1983)
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